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Drogas: da Festa à Fossa

13/02/2018

Drogas novas aparecem a todo o momento, mas a busca por um mundo ideal, sem frustrações e angústia é antiga.

O poder ilusório das drogas é altamente sedutor. Abre magicamente uma realidade paralela de cores, sensações e ausência de dor, mesmo que momentâneas.
Mas o impacto com a realidade é inversamente proporcional. Muitas são as perdas, sofrimento, incapacidade gradativa de discernimento e raciocínio. A realidade e o imaginário produzido pelas drogas se fundem e o dependente perde completamente a noção de tempo, de espaço, de valores e de moral.

O objeto droga, à princípio, no início de seu uso, está sob o controle do usuário: quando este vivencia tristeza, perda, solidão ou qualquer experiência angustiosa para ele insuportável, lança mão da droga como um recurso apaziguador, que o remete a uma plenitude ilusória, onde a angústia e a dor dão lugar a um sentimento de satisfação e euforia.

No entanto, logo a dependência se instala e vira-se o jogo: a droga passa a controlar o usuário, que se mostra à mercê, impotente frente a seu vício. A falta de controle da situação faz com que o sujeito se depare mais uma vez com sua dependência e desamparo, e ele necessitará cada vez mais da droga para aplacar a sua angústia, que vai crescendo cada vez mais – o círculo vicioso está, assim, instaurado, e a droga mostra seu lado de “logro, burla, engano”.

O usuário, em seu vício, vê-se seduzido por expectativas e promessas vãs, por satisfações e prazeres ilusórios, por uma magia que o afasta da realidade e da vida, levando a perdas e sofrimentos em seu fim. Um “não-sofrer”, um “não-pensar”, um “não-existir” momentâneos, que acabam levando a um “não-ser” permanente.

Somos levados a repensar nossa sociedade moderna, globalizada que privilegia poder, bens materiais, quantidade ao invés de qualidade, onde o tempo parece acelerar: vale o imediato, o pronto, o descartável. Com isso, a capacidade de tolerância à frustração vai se afunilando e gerando rápidas substituições.
Os sonhos deixam de se transformar em projetos a serem conquistados e os desejos passam a exigir recompensas imediatas.
Em meio a tanta tragédia, o usuário e seus familiares precisam buscar informação fidedigna, apoio especializado multidisciplinar para conseguir sucesso no tratamento da dependência química.

O tratamento é longo, recaídas fazem parte do processo e não devem ser encaradas como fracasso.

O investimento do dependente e de sua família é grande, mas se colhem frutos a médio e longo prazo.
Aos poucos, o dependente vai reaprendendo a ter prazer pelas coisas simples e concretas de sua vida: o círculo familiar, os amigos, o trabalho e vai buscando transformar as frustrações do dia-a-dia em motivações para novas conquistas.

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2 Comentários

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    Reply Vera Lúcia De Araújo silva 14/03/2018 at 7:36 pm

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    Reply Vera Lúcia De Araújo silva 14/03/2018 at 7:37 pm

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